Pernambuco precisa de mais 52 leitos de UTI pediátrica e neonatal para cumprir recomendação da OMS, diz especialista
17/05/2024
(Foto: Reprodução) Nesta sexta-feira (17), 96 crianças e bebês aguardavam vaga de UTI. Em reunião com MPPE, Secretaria Estadual de Saúde se comprometeu a abrir 10 novos leitos na segunda-feira (20). Monica Giesta, especialista em gestão de saúde, fala sobre possíveis soluções para a falta de leitos de UTI para bebês e crianças
A fila de espera por um leito de UTI pediátrica em Pernambuco poderia estar bem menor, caso o estado cumprisse a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). É o que diz a médica especialista em gestão de saúde, Monica Giesta (veja vídeo acima). Segundo a médica, faltam 52 leitos de UTI pediátrica e neonatal para que Pernambuco atenda à recomendação da OMS. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), 96 crianças e bebês aguardavam um leito de UTI nesta sexta-feira (17): 84 crianças e 12 bebês.
“Existem métricas, que são da Organização Mundial de Saúde [...] Então o cálculo que se faz é: quatro leitos natal a cada 100 mil habitantes. Quando a gente fala na localidade Pernambuco, [...] a UTI pediátrica e a UTI neonatal juntas teriam que fazer 364 camas, leitos que pudessem dar um certo conforto”, explicou a especialista, à TV Globo.
O estado de Pernambuco conta, ao todo, com 304 leitos de UTI para crianças e bebês, de acordo com a SES. Destes, 228 são próprios, enquanto 76 são contratados pelo estado em unidades conveniadas.
Ainda segundo a SES, atualmente Pernambuco conta com 140 leitos em enfermarias para atender crianças com quadro de SRAG. O número também não é o suficiente para a demanda existente, de acordo com a recomendação da OMS.
“Muitas vezes a necessidade de estar num ambiente fechado de CTI [Centro de Tratamento e Terapia Intensiva] é de quatro dias. Após quatro dias, a criança pode não estar apta para ir para o domicílio [...]. Existem também métricas [...] que para cada quatro leitos de CTI, pediátrico ou neonatal, deve haver mais seis leitos de acomodação”, explicou Monica Giesta.
Ministério Público cobrou mais leitos em UTIs
O Ministério Público se reuniu nesta sexta-feira (17) com a Secretaria Estadual de Saúde para cobrar mais leitos de UTI neonatal e pediátrica em Pernambuco. De acordo com a promotoria, o governo estadual se comprometeu a liberar dez vagas no município de Goiana, na Zona da Mata Norte, na segunda-feira (20), e mais 20, em Caruaru, no Agreste, que estão sem prazo de abertura.
O Ministério Público explicou também que a secretaria está tentando abrir leitos de enfermaria pediátrica, agilizar a rotatividade dos pacientes e abrir novos leitos com suporte ventilatório em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Um dos obstáculos para esta medida, de acordo com o MPPE, é a falta de profissionais de fisioterapia respiratória pediátrica para atender nas UPAs, onde crianças e bebês ficam internados pro muito dias enquanto aguardam leitos.
Dificuldade para contratar profissionais especializados
A fila por uma vaga de UTI pediátrica em Pernambuco registrou recorde na terça-feira (14), quando 154 crianças aguardavam um leito, segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Na quarta (15), a secretária estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti, disse à TV Globo que parte da dificuldade em abrir novos leitos se deve à falta de médicos pediatras e especialistas para trabalhar nas novas vagas.
Em entrevista à TV Globo, a médica Monica Giusta explicou que atualmente o Brasil tem aproximadamente 42 mil médicos pediatras. Destes, apenas 10% são neonatologistas ou intensivistas em pediatria.
"As duas especialidades são extremamente específicas. A necessidade de uma criancinha neonatal e a necessidade de uma criança mais grave é diferente, principalmente até os 12 anos. Dos 12 aos 18 anos, o tratamento é praticamente igual ao de um adulto, embora o ambiente tenha que ser separado", explicou Giesta.
Giesta, no entanto, considerou que outras alternativas podem ser adotadas. Entre elas, a telemedicina, que pode auxiliar em casos envolvendo crianças maiores de 12 anos.
"Para as crianças menores, existe a possibilidade de fazer parcerias com hospitais de referência (...), até mesmo para conseguir dividir [as dúvidas], com uma junta médica. [Também] tem a possibilidade de trazer profissionais de fora. Remunerar de maneira diferenciada e promover ações que sejam de interesse desses médicos, para virem executar por tempo limitado o suporte a essas crianças", explicou a especialista em gestão de saúde.
Monica Giesta acredita que parcerias público-privadas também podem ajudar a solucionar o problema.
“Se a rede privada tem condição de receber o paciente do SUS, ela pode e deve atender. Até porque, pelo que tenho lido, o reembolso da diária pelo governo está até melhor do que em alguns convênios. São parcerias interessantes, que podem ser permanentes, ou situacionais", disse.
Solicitações por leitos de UTI para crianças e bebês em Pernambuco chegaram a 154 esta semana
Reprodução/TV Globo
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